O
Instinto sexual é uma das mais profundamente enraizadas expressões da vontade;
e não deve ser restringido, quer pelo
lado negativo, ao tentar impedir seu funcionamento, ou no caso oposto,
insistindo-se na sua falsa função.
O
que é mais brutal ? impedir o crescimento natural ou deforma-lo ?
Nada
é mais absurdo do que a interpretação de um dos nossos mais básicos instintos
como um grosseiro ato animal, separa-lo do entusiasmo sexual sem o qual ele é
tão estúpido que chega as raias da insatisfação.
O
ato sexual é o sacramento da vontade. Profana-lo é a maior da blasfêmias , toda
a expressão dele é legítima, toda a supressão ou distorção é contrária a lei da
liberdade, usar de instituições sociais sejam elas legais ou financeiras para
forçar a abstinência ou submissão é totalmente degradante e isto sim deveria
ser taxado como imoral, desnaturado e absurdo. As antigas leis contra o
adultério, estão muito além da falsa cortina da má conduta ou imoralidade, são
fundamentadas na corrente de pensamento que colocam a mulher como
“propriedade”, meros objetos, de forma que fazer amor com uma mulher casada é
privar o marido dos serviços sexuais
dela (Grande engano). É a mais clara expressão do estado de escravidão.
Todo nós homens e mulheres somos estrelas livres. Ela tem o direito inalienável
de traçar sua própria órbita. Não existe motivo algum para que ela não seja uma
excelente dona de casa , se esta é a vontade dela. Mas ninguém tem o direito de
colocar isto como uma regra ou padrão.
Percebam
que as grandes mulheres de nossa história, apesar de serem pouco reconhecidas
pelo nosso culto ao patriarcalismo, foram completamente livres em suas vidas
amorosas. Safo, Semíramis, Messalina, Cleópatra, Tai Chi, Parsifa, Helena de
Tróia, Catarina a Grande da Rússia, e em caminho contrário poderíamos citar
como exemplo Emily Bronte, cuja a abstinência sexual era devido ao seu meio, e
assim explodiu na terrível violência de
sua arte, e outras tantas até consideradas santificadas de cujo os fatos de sua
vida sexual foram distorcidos para o
serviço aos interesses religiosos e sociais diversos, mas que no fundo tinham
uma vida sexual intensa, pois os escritos destas mulheres estão repletos de
apaixonadas expressões sexuais, e pervertidas até ao ponto da alucinação ou
morbidez.
Sexo
é a principal expressão da natureza de uma pessoa; grandes naturezas, são
sexualmente fortes, e a saúde de qualquer um depende da liberdade desta função.
As
tão propaladas Leis de “Liberdade”, citadas por muitos e compreendidas por tão
poucos, só nos mostram que devemos gozar a vida em plenitude máxima, de uma
maneira absolutamente normal, exatamente como os grandes nomes do passado
sempre fizeram. Apenas não devemos nos esquecer do conceito de que cada um de nós é único em seu contexto mais íntimo,
mais em constituição geral nada diferente de seu vizinho, somos como estrelas
perfazendo sua prória órbita. Isto estando claro, somente temos que atingir a mais completa expansão de nossas
naturezas, com atenção especial a estes prazeres que não só expressam a alma,
mas a auxiliam a atingir os mais altos desenvolvimentos daquela expressão.
O
ato de amor é para os que seguem as correntes religiosas mais ortodoxas um gesto animal, grosseiro, que envergonha a
humanidade. O apetite os arrasta, cansa-os, desgasta-os, os adoenta, torna-o
ridículo até ante seus próprios olhos. É a maior fonte de todas as neuroses
deles. Contra este monstro divisaram duas proteções.
Primeiro,
pretendem pintar o desejo como um “príncipe encantado”, depois o enfeitam com trapos e falsos brilhos do
romance, do sentimentalismo e da religião, ele chama esta miséria ambulante de
amor, nega a força e a vontade dele, e se prostra em adoração a esta figura de
cera do sentimentalismo legítimo com toda a sorte de lirismo amigável e
sorrizinhos azedos.
Segundo,
ele esta tão convencido, apesar de seus infrutíferos esforços de ator teatral
de quinta categoria, de que o apetite sexual é um monstro devorador, que ele se
ressente com extremo pavor a existência de pessoas que riem do medo dele, e
lhes dizem que parem de covardia, e que aprendam a montar, pois o desejo não é
um dragão cuspidor de fogo, mas sim um belo cavalo, pronto treinado para o comando de uma rédea forte.
Isto torna-se o mais amargo insulto que ele possa suportar, e conclama aqueles
que a quem chamam de irmãos para unirem-se e apedrejarem o blasfemador. Ele
portanto encontra-se ansioso para manter a imagem do “bicho papão” que ele teme; a demonstração
de que o Amor é uma paixão geral, pura em sí mesma, e o redentor de todos os
que confiam nele, é o mesmo que expor a úlcera em carne viva “destas pessoas”.
Nós
não deveríamos ser escravos do amor. “ Amor sob vontade é a lei”. Nós
deveríamos ser contrários a consideração do Amor como vergonhoso ou degradante,
como sendo perigoso para o corpo e para a alma. Nós não o deveríamos aceitar
como uma rendição do que é divino ao que é animal, ele deveria ser para
nós o meio pelo qual o animal se
transforma em esfinge alada que leva o homem em seus ombros até a casa dos
deuses.
Portanto
nos cabe o particular cuidado de negar que
propósito de amor seja o grosseiro ato fisiológico que é o motivo da
natureza para ele no plano material. A geração é um sacramento do Rito Físico,
pelo qual nós nos criamos novamente em nossa própria imagem, tecemos em uma
nova tapeçaria de carne o romance da história da nossa própria alma. Mas o amor
também é um sacramento de transubstanciação através do qual nós iniciamos
nossas almas, é o vinho da intoxicação
tanto quanto o pão da comunhão.
Nós
então devemos aprovar de coração essas formas de amor em que a questão da
geração não esta envolvida, nós devemos aprender a usar os estimulantes do
entusiasmo físico para que nos inspirem
moral e espiritualmente. A experiência
ensina que “paixões” assim empregadas realmente servem para refinar e
exaltar o ente inteiro do homem e da mulher.
“Como
quiserdes” . Deveria ser imensamente claro após as explicações anteriores que
cada indivíduo tem um direito absoluto e inatacável de usar seu veículo sexual
de acordo com seu próprio caráter, e que ele é responsável apenas por sí. Mas
ele não deve injuriar seu direito e a sí mesmo; atos que invadam o igual direito de outros indivíduos são implicitamente agressões contra nós
mesmos. Atos como estupro, assalto, ou sedução de menores, podem portanto ser
considerados como ofensas contra a lei
da liberdade, e restringidos no interesse desta lei.
Exclui-se
também aí qualquer ato que comprometa a
liberdade de outra pessoa indiretamente, como quando alguém toma vantagem da ignorância e da boa fé de outra
pessoa expondo-a a doenças, pobreza, ostracismo social, ou gravidez, a não ser
com a bem informada e não influenciada livre vontade daquela outra pessoa.
Devemos,
além do mais, evitar injuriar outra pessoa deformando sua natureza; por
exemplo, usar de violência contra crianças na puberdade, ou perto da puberdade,
pode distorcer o caráter sexual nascente, e imprimir sobre ele a estampa do
masoquismo. Tentar amedrontar adolescentes a respeito do sexo usando
bichos-papões infernais, da doença e da
insanidade, pode deformar a natureza moral permanente e produzir hipocondrias e
outras doenças mentais, com perversões dos instintos reprimidos.
Reprimir
a satisfação natural geralmente resulta em vícios secretos e perigosos que
destroem suas vítimas porque são aberrações e portanto não naturais.
Mas
por outro lado nós não temos o direito de interferir de qualquer forma em
qualquer impulso sexual a priori. Cada
um deve descobrir, por experiências de todos os tipos, a extensão e intenção de
seu universo sexual. Deve ser ensinado que todos os caminhos são igualmente
régios, e que a única questão ao ser analisada é “que caminho é o meu ?” Todos os detalhes provarão igualmente
serem essenciais ao plano social dele, todos igualmente “corretos “ em sí
mesmos, a escolha pessoal dele é dele, a preferência de seu próximo é de seu
próximo. Ele não deve se envergonhar de ser heterossexual, homossexual,
bissexual, Pã-sexual, ou o que quer que seja, se ele o é intimamente e de sua
própria natureza; ele não deve tentar violar sua própria natureza por causa da
“opinião pública”, ou da falsa moralidade imperante, ou porque o preconceito
religioso de outros desejaria força-lo a ser de outra forma. A natureza sexual
do mais ínfimo dos homens esta estampado com a soberania da alma dele, é a
moeda corrente legítima, tanto e não menos que o talento de ouro de seu
vizinho.
A
lei verdadeira recusa portanto o consentimento a criação de qualquer tipo de
simbolismo que gere estereótipos da alma humana em relação a conduta sexual, um
padrão não é menos mortífero no amor que na arte ou literatura ; sua aceitação
suprime o estilo, e sua imposição sobre outrem aniquila a sinceridade.
É
melhor que uma pessoa de impulsos heterossexuais sofra toda a calamidade com a reação
indiretamente evocada do meio ambiente pela execução de sua verdadeira vontade,
do que desfrutar de riqueza, saúde e felicidade através da supressão, ou da
prostituição do sexo no serviço de interesses externos.
Igualmente
é melhor ao Andrógeno, ou suas contra partes femininas aturarem chantagistas
públicos ou privados, o desprezo e a repulsa de toda a gente vulgar do que
aceitar que a peculiaridade é o sintoma de uma mente degenerada e do que ferir
a alma danando-se ao inferno da abstinência, ou deixar-se levar por pressões
sociais aos abraços indesejados de um corpo antipático.
Toda
a estrela deve calcular sua própria
órbita. Tudo é vontade, e no entanto tudo é necessidade. Desviarmo-nos é,
ultimamente, impossível, tentar desviar-nos é sofrer.
Portanto
nossa leis deveriam ordenar que todo
homem e toda a mulher, e toda a pessoa de sexo intermediário, seja
absolutamente livre para interpretar e comunicar seu ser por meio de quaisquer
prática sexuais que sejam, quer diretas ou indiretas, racionais ou simbólicas,
fisiológicamente, eticamente, ou teologicamente aprovadas ou não, contanto
apenas que todas as partes de qualquer ato estejam completamente cônscias de
todas as implicações e responsabilidades
envolvidas, e concordem de todo o coração em executar o ato.
É
aconselhável que toda a criança seja desde cedo informada sobre a realidade do
ato sexual, como também do processo de nascimento, a fim de que a falsidade e o
mistério não lhes estupefaçam a mente, cujo o erro podería acarretar o desvio
do crescimento natural de seu subconsciente
de simbolismo anímico.
É
um fato que qualquer indivíduo que tenda a irregularidades sexuais tem este
fator acentuado pela preocupação com o
assunto que resulta de sua importância
artificialmente exagerada na cultura moderna.
É
fato de que todos os problemas provocados por sexualidade suprimida, não são
completamente sem remédio, tão cedo sejam aliviados desta pressão persistente.
Sendo enviados a lugares onde os habitantes tratem os órgãos reprodutivos e os respiratórios como igualmente inocentes, eles gradualmente
começam a esquecer sua “idéia fixa” forçada sobre eles pela Buzina de nevoeiro
da moralidade, de forma que a possível perversão desaparece em breve período.
Uma
vez sendo o amor aceito como corriqueiro, levando a termo os ensinamentos e
palavras dispostas em vários compêndios, onde podemos citar os escritos de
Saphia e o “Livro da Lei”, que deixa claro seu intento nas palavras “onde “,
“quando”, “e com que vós quiserdes” , a
mórbida fascinação de seu mistério desaparecerá. As doenças serão tratadas
diretamente pela medicina, e não por charlatões como vemos hoje em dia. A
ignorância ou falta de cuidado dos jovens nunca mais os atormentarão
infernalmente. Uma carreira arruinada ou uma constituição física
permanentemente danificada não mais serão usados como rótulo de penalidades de
um momento de exuberância.
Acima
de tudo, o mundo começará a perceber a verdadeira natureza do processo sexual,
a sua insignificância física enquanto uma entre outras tantas funções
corpóreas, a sua transcedente impôrtancia como veículo da verdadeira vontade e
o primeiro dos invólucros do Espírito.
A
mais importante condição do ato humanamente falando, e´ que a atração seja
espontânea e irresistível, um salto da vontade para criar um frenesi lírico. O
reconhecimento desta primeira condição nos leva ao dever de rodiá-la com todas
as circunstâncias de adoração. Estudo e experiência deveriam fornecer uma
técnica de amor. Toda a ciência, toda a arte, toda a elaboração, deveriam
enfeitar e acentuar a expressão do entusiasmo. Toda a força e habilidade
deveriam ser chamadas ao cumprimento do frenesi. E a vida mesma devería ser
jogada de mão aberta no balcão do “mercador da loucura”. E que no aço de seu Elmo
nos seja facultado ver a inscrição gravada em puro ouro, onde esta escrita a
palavra “excesso”.
Esta é a
idéia básica de uma nova sociedade, não as julguem como grandes novidades, pois
tais idéias estão decantadas em verso e proza, poderíamos até dizer que estas
poderiam ser as noções básicas da “Sociedade Alternativa”, que alias só para
informar aos que desconhecem o assunto , trata-se de uma bela canção
interpretada pelo famoso roqueiro brasileiro Raul Seixas.
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