Entre a razão e a escolha existe o Espírito.

Qual é a causa da mentalidade conflitante da humanidade? É fato que o ser humano vem se tornando um empecilho cada vez maior para si mesmo. O resultado disso são guerras, violência de múltiplas formas e na escala global e desequilíbrio do ecossistema.

O ponto de orgulho da humanidade foi e ainda é a conquista da razão. Pois atribuímos à razão a falsa idéia de responsabilidade, nocência e solução. Mas avaliando o quadro em que se encontra boa parte dos seres humanos, parece que a razão por si só não é o bastante.

È uma questão complexa e delicada, pois toda a nossa razão está baseada em modelos pré-estabelecidos, paradigmas e certos valores que definem um senso de certo e errado que influenciam de forma tendenciosa nas nossas escolhas humanas. Isto nos mostra que o ser humano ainda não é um ser auto-centrado e sim descentralizado, pois sua razão é a razão coletiva. Para vislumbrarmos algo mais essencial e solucionador é necessário um exercício de ponderação a cerca das questões da existência. Por exemplo: por que existimos? Talvez seja esta a pergunta que estamos tentando responder através de diferentes atuações nas várias esferas da vida.

E até que ponto realmente precisamos saber o por que existimos? Para termos uma razão? E se tal resposta estiver além da razão? Se observarmos bem o nosso contexto, veremos que tudo que fazemos envolve a busca de um sentido que nos motive. Estamos buscando um sentido no âmbito pessoal ou uma razão que se enquadre nos moldes coletivos? É ponto pacífico o fato de estarmos o tempo todo perseguindo um sentimento de finalidade na existência.

Toda disposição para interagir e experimentar a vida é acionada no nosso interno por esse questionamento que, como um eco, nos deixa com a sensação de incompletude. A visão materialista e mecanicista de que nada mais somos do que a expressão de uma massa encefálica, o cérebro, reagindo eletrobioquimicamente, fica por si só prejudicada, pois percebemos em nós um universo profundamente subjetivo através do qual a matéria se sustenta.

De acordo com os paradigmas quânticos emergentes, a consciência necessariamente tem que existir precedendo a matéria, pois o colapso da probabilidade em partículas sub-atômicas requer a consciência como observadora. Logo, o cérebro como o resultado da formação de um tecido nervoso, e este, desenvolvido por grupos celulares resultantes de moléculas e amontoados de átomos, derivam-se da formação de partículas sub-atômicas. Além do que, se fôssemos de fato o resultado de uma excitação cerebral, não haveria em nós o ímpeto de encontrarmos um sentido que satisfaça o por que existimos. Seríamos tal qual um processador de dados, uma máquina.

Por outro lado, se considerarmos a possibilidade de sermos algo essencial que anima a matéria, algo mais profundo, inteligente e dotado de liberdade nas escolhas, temos aí o ponto de partida para começarmos um verdadeiro movimento de transformação de percepção daquilo que acreditávamos ser para aquilo que realmente somos, e assim, manifestarmos a plenitude.

Múltiplos são os caminhos de expressão da subjetividade humana. Muitas vezes nos perdemos em verdadeiros "labirintos" emocionais, indicando-nos que algo nos fez resistir ou negar a expressão natural da nossa subjetividade. O resultado disso é a perpetuação de um estado emocional errático.

Toda emoção é um potencial de reação gerado por um pensamento. Esses potenciais de reação que emergem, é o que nos leva, muitas vezes, a escolher e decidir por uma experiência.

O grande desafio é observar de maneira lúcida os "arranjos de pensamentos" viciados que criam os "labirintos emocionais", que em sua grande parte, nos mantém presos e perdidos, fazendo com que re-editemos a nossa realidade. A atenção direcionada para o pensamento e não para emoção eclodida é a base para a transcendência da estrutura de pensamento viciada.

Infelizmente com o advento de uma era mais racional, o Homem ficou extremamente seduzido pela própria razão e vem até então, suprimindo e negando aquilo que há de mais profundo e que cria a sua identidade; o seu universo subjetivo. A razão deve ser considerada como a ordenadora das nossas escolhas e não a definidora. O aspecto subjetivo, o princípio espiritual do Homem deve se expressar como o agente de definição das suas escolhas.

Portanto, além de escolher racionalmente uma opção, é fundamental sentir o que nos leva a escolher. Para tanto, torna-se imprescindível aprendermos a buscar a nós mesmos, mergulhar para dentro e encontrar as referências internas ou verdades singulares que nos renovam a cada instante e notar se as mesmas embasam ou não as nossas escolhas. Pois, a razão pura e simples, nos torna "escravos" de um mundo infeliz contaminado por modelos sociais estereotipados.

Desta forma nos tornamos apenas "mais um na multidão" que faz o que todo mundo faz, que escolhe igual a todo mundo e sobrevive como todos vem sobrevivendo no sofrimento.O mundo elegeu a razão para iluminar o conhecimento e é a mesma razão fria e isolada do princípio espiritual que cega e oblitera perspectivas outras da vida além de impedir a possibilidade de manifestação da felicidade pacífica natural a todo Ser auto-referenciado, logo em harmonia com o Todo. Tal fato aumenta a probabilidade de incorrermos em vieses emocionais e conseqüentemente em comportamentos repetitivos e reativos.

Esta é a grande chave para uma vida plena: compreender que a escolha não deve ser apenas um ato racional e sim um ato baseado nas verdades mais profundas de cada um, mesmo que as mesmas se contraponham a sólida noção das tendências de melhor escolha no mundo. Assim uma escolha não será apenas uma escolha e sim uma escolha profunda e verdadeira e a razão cumprirá o seu pequeno papel que envolve a adaptação das verdades subjetivas na esfera objetiva. Assim, todas as experiências resultantes das escolhas internas nos levarão inexoravelmente a realização do nosso propósito pessoal, que em última instância é o propósito da vida.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

para pensar

“O homem encontra-se isolado de si mesmo. Desde que nasce está submetido a valores, diretrizes e dogmas que moldam e governam a sua vida, de tal maneira que ele sente necessidade de se enquadrar nesta realidade que lhe foi apresentada, mas que por muitas vezes não é a sua.
Sua busca então deixa a de ser pelo que se encontra em seu interior, sua verdadeira essência, para buscar o que é exterior a si e de que nada lhe serve, a não ser corresponder expectativas alheias e tornar-se mais um sem identidade entre a multidão.
Isto a cada dia se torna mais comum, pois o ser humano em sua grande maioria deixou de pensar por si mesmo, se acomodou às situações ao invés de usar seu senso crítico, deixou de se questionar sobre quem realmente é, sua origem divina e sua vida.
‘Ele procura por respostas a seus questionamentos e frustrações em diversas fontes, tentando se encontrar em uma delas, mas fugindo da única que pode fornecer respostas verdadeiras, que é a que se encontra em si.
Embora todos estejam sujeitos às influências externas, nem todos as absorvem aceitando-as passivamente.
Aqueles que voltam-se para si mesmos, em um momento de reflexão e autocrítica, começam a compreender e perceber as contradições e conflitos existentes entre o que vivem e o que são.
Começa então o despertar de um sono profundo, que exige força e vontade para se levantar e trilhar o caminho que leva ao conhecimento de si mesmo.
São estes que, trilhando este árduo caminho, refletem qualidades que os elevarão e destacarão entre as multidões, pois sua superioridade natural é manifestada através do maior conhecimento que poderiam adquirir: o de si mesmos.
Não adianta apenas almejar por algo; é necessário deixar o comodismo de lado, ousar e fazer desta busca sua meta para que ela se torne realidade.
Assim o homem se tornará sua busca, mesmo que esta nem sempre seja a mais nobre.
O fato é que todos sempre se assemelharão ao que se tornam pelos seus atos, pelas suas conquistas ou derrotas, mesmo que esta imagem possa ser distorcida por uma máscara perante as multidões.
Ninguém pode enganar o espelho, embora possa enganar a si mesmo a ponto de ver outra imagem refletida nele.
Os caminhos pelos quais o homem trilhará rumo a descoberta de sua essência são ao mesmo tempo belos e tortuosos.
Belo, pois tornar-se a si mesmo, descobrir e refletir sua essência, é a maior glória que podemos aqui obter.
Para isso, porém, teremos de enfrentar face a face nossos maiores medos, nossas máscaras, nossos obstáculos interiores, dos quais nem sempre possuímos consciência, e os quais muito menos são fáceis de transpor.
Mas se fossem simples não seriam dignos de descobertas tão valiosas…
Esta busca jamais deve ser movida por intenções vãs, desprovidas de sentido, como uma fuga, um reconhecimento, uma troca, um aumento de ego, um título.
O autoconhecimento deve ser a meta primordial do verdadeiro buscador.
Ela deve ser unicamente movida por um propósito divino, que é o despertar da divindade em nós para que cada vez estejamos um passo mais próximo da re-união com Nosso senhor.
Quem desejar seguir tais palavras por achá-las belas, mas não por se identificar com elas, cairá logo nos primeiros passos de sua jornada.
A este nada restará, a não ser mais pesar, questionamentos e dor, já que se encontrará perdido no caminho.
Apenas os que possuem a palavra em seu coração poderão ser fortes o suficiente para trilhá-lo… a capacidade e o conhecimento de como transpor cada obstáculo que encontrará apenas poderão ser adquiridos através da descoberta e manifestação do que existe dentro de si.
A verdade existe por si só; ela é Una e Eterna. Ela não pode ser corrompida, por isso jamais buscará aos homens moldando-se a eles.
Estes também jamais poderão moldar-se à ela, se não refletirem-se nela.
Aqueles que a almejam sinceramente a buscam, mesmo que no início inconscientemente, por possuírem a chama interior que os impulsiona à sua descoberta; pelo instinto de que ela deve reger sua busca…
Enquanto muitos buscam conforto para seus limites e fraquezas nas apreciações alheias, na máscara que usam, no destaque que supostamente possuem entre o rebanho, esquecendo-se que mesmo assim não deixam de ser parte dele…
Pois a vida apenas pode ser vivida em sua plenitude após a verdadeira morte: a aniquilação de todos estes moldes que nos revestiram e nos modelaram ao bel prazer alheio, mas que jamais foram condizentes com a nossa verdadeira essência.
Apenas o que a exalta deve ser cultivado e perseguido, e é por isso que ocorre esta morte e renascimento dentro de uma única existência quando nos encontramos em nós mesmos.
Tanto o inferno quanto o paraíso podem estar presentes neste mundo. Cabe ao homem escolher em qual deles deseja habitar, pois é ele quem os construirá conforme sua maneira de viver.
Aquele que se torna senhor de si mesmo, se torna senhor de seu redor, consegue manipular e utilizar tudo que lhe convém para seu proveito, já que não é mais manipulado, nem por seus próprios desejos nem por os de outrem, ao contrário dos que se encontram perdidos na multidão apática e desprovida de vontade própria.
Não estando mais suscetível às influências externas deixa de se preocupar e de desperdiçar tempo com o que nada lhe vale, e concentra todas as suas forças naquele que é realmente seu objetivo: o de conhecer-se por completo.
Ao ouvirem nossas palavras muitos nos classificam como loucos.
Lembrando que um louco é aquele que é diferente do padrão aceitável pela sociedade, somos loucos sim, na acepção mais profunda de seu significado.
Somos diferentes, pois nos desligamos de seus conceitos e valores, de seu comportamento moldado e controlado, de seus prazeres vãos e de suas buscas supérfluas por algo que nada contribui para a evolução de cada ser humano que as almejam.
Não enxergamos as coisas mais apenas com os olhos do corpo, temos capacidade de enxergar muito além deles, pois os fechamos para o mundo que nos é apresentado e abrimos finalmente os olhos da alma para o nosso mundo interior, que embora tão próximo a nós, se torna inatingível para os que não o desejam.
Negamos a continuar a nos rastejar em meio aos demais, nos sujando e nos escondendo no meio de uma lama imunda que pregam como sendo a vida.
Realmente esta lama é o reflexo perfeito de quem se encontra nela: vermes vivem soterrados e se alimentam de restos, pois esta é sua natureza.
Enfim, elas acabam por negar a própria vida em troca de algo que nada é.
Quando descobrimos nossa verdadeira essência e passamos a vivê-la, não há mais lugar para falsidades. Somos nós mesmos. Aos outros, porém, nos apresentaremos da maneira como nos enxergam e nos julgam, já que não podem nos compreender.
Apesar de muitos poderem nos rotular como maldosos, cruéis ou similares, apenas estaremos retribuindo a cada um de forma justa o que recebemos.
Por isso podemos refletir a dualidade que, porém, sempre será baseada na justiça… cada um receberá o que merece, seja a mais doce das bebidas ou o mais amargo dos venenos.
O reino maior apenas pode ser construído por aqueles que vivem sua essência de forma plena e verdadeira.
A existência da dualidade é necessária para que os opostos possam ser manifestados, já que quando se encontram em equilíbrio não podem exibir suas particularidades.
Sendo assim não há um oposto que deva ser negado e outro que deva ser cultivado como na concepção que foi construída e disseminada pela humanidade.
Muito menos deve-se reprimir um deles com a justificativa de ser mau, inaceitável, imoral… pois se ambos se encontram em toda a natureza, quem os classificou de tal maneira os fez segundo seus conceitos e interesses pessoais, e lembrando que cada um possui sua essência, tal classificação é totalmente relativa.
Dependendo da maneira como cada um se utiliza destes opostos é que vai torná-los úteis ou totalmente destrutíveis. Aqueles que apenas se focam em um deles acabam se tornando escravos, e ao negar o outro, nega parte de si, o que o impede de conhecer-se por completo.
Apenas os que conhecem a ambos e os aceitam como sendo parte de si, podem controlá-los e utilizá-los conforme sua necessidade, harmonizando-os a seu favor.
Se estivermos em harmonia conosco mesmo, o nosso redor nada nos influenciará. Ao contrário, dele poderemos nos utilizar conforme desejarmos, retirando tudo que nos é útil e descartando o que não presta, sem deixarmos de sermos senhores de nós mesmos.
Nós poderemos influenciar nosso redor, mas jamais ele a nós, pois não somos mais submissos e covardes de aceitá-lo sem questionamento…
Assim sendo nada nos é proibido, mas sabemos o que usar a nosso favor e como usar, para não cairmos nas garras da falsa ilusão de poder, e nos tornarmos escravos novamente. Liberdade, antes de tudo, é disciplina e responsabilidade consigo mesmo.
Aquele que deseja percorrer este árduo caminho deve ter realmente a Palavra de thelema em seu coração. Deve vivê-la e tornar cada ato seu um impulso rumo ao descobrimento de sua essência. Jamais deve esperar por benefícios, pois se este for seu objetivo jamais os receberá.
Um filho d’Ela conquista suas recompensas através da superação dos obstáculos que encontrará pelo caminho.
São eles que provam a cada dia o quanto somos fortes e dignos de permanecer nela.
Estas recompensas são conseqüências obtidas por esforço pessoal, e não a finalidade do percurso.
Esta é a lei que rege o Universo a lei dos fortes e a alegria do mundo, até que apenas os fortes permaneçam.
E neste momento, mais do que nunca, teremos edificado definitivamente o império de nosso senhor o Sol, sem falsas promessas, sem fé cega, sem negar nossa verdadeira natureza, apenas nutrindo a semente depositada em nós em nossa criação com luz, amor, força e liberdade, para sermos dignos de ocupar nosso lugar na Grande Obra, e assim, cumprir nossa missão.”

“O homem encontra-se isolado de si mesmo. Desde que nasce está submetido a valores, diretrizes e dogmas que moldam e governam a sua vida, de tal maneira que ele sente necessidade de se enquadrar nesta realidade que lhe foi apresentada, mas que por muitas vezes não é a sua.
Sua busca então deixa a de ser pelo que se encontra em seu interior, sua verdadeira essência, para buscar o que é exterior a si e de que nada lhe serve, a não ser corresponder expectativas alheias e tornar-se mais um sem identidade entre a multidão.
Isto a cada dia se torna mais comum, pois o ser humano em sua grande maioria deixou de pensar por si mesmo, se acomodou às situações ao invés de usar seu senso crítico, deixou de se questionar sobre quem realmente é, sua origem divina e sua vida.
‘Ele procura por respostas a seus questionamentos e frustrações em diversas fontes, tentando se encontrar em uma delas, mas fugindo da única que pode fornecer respostas verdadeiras, que é a que se encontra em si.
Embora todos estejam sujeitos às influências externas, nem todos as absorvem aceitando-as passivamente.
Aqueles que voltam-se para si mesmos, em um momento de reflexão e autocrítica, começam a compreender e perceber as contradições e conflitos existentes entre o que vivem e o que são.
Começa então o despertar de um sono profundo, que exige força e vontade para se levantar e trilhar o caminho que leva ao conhecimento de si mesmo.
São estes que, trilhando este árduo caminho, refletem qualidades que os elevarão e destacarão entre as multidões, pois sua superioridade natural é manifestada através do maior conhecimento que poderiam adquirir: o de si mesmos.
Não adianta apenas almejar por algo; é necessário deixar o comodismo de lado, ousar e fazer desta busca sua meta para que ela se torne realidade.
Assim o homem se tornará sua busca, mesmo que esta nem sempre seja a mais nobre.
O fato é que todos sempre se assemelharão ao que se tornam pelos seus atos, pelas suas conquistas ou derrotas, mesmo que esta imagem possa ser distorcida por uma máscara perante as multidões.
Ninguém pode enganar o espelho, embora possa enganar a si mesmo a ponto de ver outra imagem refletida nele.
Os caminhos pelos quais o homem trilhará rumo a descoberta de sua essência são ao mesmo tempo belos e tortuosos.
Belo, pois tornar-se a si mesmo, descobrir e refletir sua essência, é a maior glória que podemos aqui obter.
Para isso, porém, teremos de enfrentar face a face nossos maiores medos, nossas máscaras, nossos obstáculos interiores, dos quais nem sempre possuímos consciência, e os quais muito menos são fáceis de transpor.
Mas se fossem simples não seriam dignos de descobertas tão valiosas…
Esta busca jamais deve ser movida por intenções vãs, desprovidas de sentido, como uma fuga, um reconhecimento, uma troca, um aumento de ego, um título.
O autoconhecimento deve ser a meta primordial do verdadeiro buscador.
Ela deve ser unicamente movida por um propósito divino, que é o despertar da divindade em nós para que cada vez estejamos um passo mais próximo da re-união com Nosso senhor.
Quem desejar seguir tais palavras por achá-las belas, mas não por se identificar com elas, cairá logo nos primeiros passos de sua jornada.
A este nada restará, a não ser mais pesar, questionamentos e dor, já que se encontrará perdido no caminho.
Apenas os que possuem a palavra em seu coração poderão ser fortes o suficiente para trilhá-lo… a capacidade e o conhecimento de como transpor cada obstáculo que encontrará apenas poderão ser adquiridos através da descoberta e manifestação do que existe dentro de si.
A verdade existe por si só; ela é Una e Eterna. Ela não pode ser corrompida, por isso jamais buscará aos homens moldando-se a eles.
Estes também jamais poderão moldar-se à ela, se não refletirem-se nela.
Aqueles que a almejam sinceramente a buscam, mesmo que no início inconscientemente, por possuírem a chama interior que os impulsiona à sua descoberta; pelo instinto de que ela deve reger sua busca…
Enquanto muitos buscam conforto para seus limites e fraquezas nas apreciações alheias, na máscara que usam, no destaque que supostamente possuem entre o rebanho, esquecendo-se que mesmo assim não deixam de ser parte dele…
Pois a vida apenas pode ser vivida em sua plenitude após a verdadeira morte: a aniquilação de todos estes moldes que nos revestiram e nos modelaram ao bel prazer alheio, mas que jamais foram condizentes com a nossa verdadeira essência.
Apenas o que a exalta deve ser cultivado e perseguido, e é por isso que ocorre esta morte e renascimento dentro de uma única existência quando nos encontramos em nós mesmos.
Tanto o inferno quanto o paraíso podem estar presentes neste mundo. Cabe ao homem escolher em qual deles deseja habitar, pois é ele quem os construirá conforme sua maneira de viver.
Aquele que se torna senhor de si mesmo, se torna senhor de seu redor, consegue manipular e utilizar tudo que lhe convém para seu proveito, já que não é mais manipulado, nem por seus próprios desejos nem por os de outrem, ao contrário dos que se encontram perdidos na multidão apática e desprovida de vontade própria.
Não estando mais suscetível às influências externas deixa de se preocupar e de desperdiçar tempo com o que nada lhe vale, e concentra todas as suas forças naquele que é realmente seu objetivo: o de conhecer-se por completo.
Ao ouvirem nossas palavras muitos nos classificam como loucos.
Lembrando que um louco é aquele que é diferente do padrão aceitável pela sociedade, somos loucos sim, na acepção mais profunda de seu significado.
Somos diferentes, pois nos desligamos de seus conceitos e valores, de seu comportamento moldado e controlado, de seus prazeres vãos e de suas buscas supérfluas por algo que nada contribui para a evolução de cada ser humano que as almejam.
Não enxergamos as coisas mais apenas com os olhos do corpo, temos capacidade de enxergar muito além deles, pois os fechamos para o mundo que nos é apresentado e abrimos finalmente os olhos da alma para o nosso mundo interior, que embora tão próximo a nós, se torna inatingível para os que não o desejam.
Negamos a continuar a nos rastejar em meio aos demais, nos sujando e nos escondendo no meio de uma lama imunda que pregam como sendo a vida.
Realmente esta lama é o reflexo perfeito de quem se encontra nela: vermes vivem soterrados e se alimentam de restos, pois esta é sua natureza.
Enfim, elas acabam por negar a própria vida em troca de algo que nada é.
Quando descobrimos nossa verdadeira essência e passamos a vivê-la, não há mais lugar para falsidades. Somos nós mesmos. Aos outros, porém, nos apresentaremos da maneira como nos enxergam e nos julgam, já que não podem nos compreender.
Apesar de muitos poderem nos rotular como maldosos, cruéis ou similares, apenas estaremos retribuindo a cada um de forma justa o que recebemos.
Por isso podemos refletir a dualidade que, porém, sempre será baseada na justiça… cada um receberá o que merece, seja a mais doce das bebidas ou o mais amargo dos venenos.
O reino maior apenas pode ser construído por aqueles que vivem sua essência de forma plena e verdadeira.
A existência da dualidade é necessária para que os opostos possam ser manifestados, já que quando se encontram em equilíbrio não podem exibir suas particularidades.
Sendo assim não há um oposto que deva ser negado e outro que deva ser cultivado como na concepção que foi construída e disseminada pela humanidade.
Muito menos deve-se reprimir um deles com a justificativa de ser mau, inaceitável, imoral… pois se ambos se encontram em toda a natureza, quem os classificou de tal maneira os fez segundo seus conceitos e interesses pessoais, e lembrando que cada um possui sua essência, tal classificação é totalmente relativa.
Dependendo da maneira como cada um se utiliza destes opostos é que vai torná-los úteis ou totalmente destrutíveis. Aqueles que apenas se focam em um deles acabam se tornando escravos, e ao negar o outro, nega parte de si, o que o impede de conhecer-se por completo.
Apenas os que conhecem a ambos e os aceitam como sendo parte de si, podem controlá-los e utilizá-los conforme sua necessidade, harmonizando-os a seu favor.
Se estivermos em harmonia conosco mesmo, o nosso redor nada nos influenciará. Ao contrário, dele poderemos nos utilizar conforme desejarmos, retirando tudo que nos é útil e descartando o que não presta, sem deixarmos de sermos senhores de nós mesmos.
Nós poderemos influenciar nosso redor, mas jamais ele a nós, pois não somos mais submissos e covardes de aceitá-lo sem questionamento…
Assim sendo nada nos é proibido, mas sabemos o que usar a nosso favor e como usar, para não cairmos nas garras da falsa ilusão de poder, e nos tornarmos escravos novamente. Liberdade, antes de tudo, é disciplina e responsabilidade consigo mesmo.
Aquele que deseja percorrer este árduo caminho deve ter realmente a Palavra de thelema em seu coração. Deve vivê-la e tornar cada ato seu um impulso rumo ao descobrimento de sua essência. Jamais deve esperar por benefícios, pois se este for seu objetivo jamais os receberá.
Um filho d’Ela conquista suas recompensas através da superação dos obstáculos que encontrará pelo caminho.
São eles que provam a cada dia o quanto somos fortes e dignos de permanecer nela.
Estas recompensas são conseqüências obtidas por esforço pessoal, e não a finalidade do percurso.
Esta é a lei que rege o Universo a lei dos fortes e a alegria do mundo, até que apenas os fortes permaneçam.
E neste momento, mais do que nunca, teremos edificado definitivamente o império de nosso senhor o Sol, sem falsas promessas, sem fé cega, sem negar nossa verdadeira natureza, apenas nutrindo a semente depositada em nós em nossa criação com luz, amor, força e liberdade, para sermos dignos de ocupar nosso lugar na Grande Obra, e assim, cumprir nossa missão.”

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