An iv12 Dies Veneris
sexta-feira, 10 de dezembro de
2004 e.v. 09:42
Uma metáfora
da evolução psicológica em busca da Grande Obra.
“O nosso ouro
não é ouro Comum (Rosarium Philosophorum).
“Para que os galhos
de uma arvore possam chegar até os céus, suas raízes devem alcançar o Inferno”
Transformar chumbo em ouro : Este é o grande segredo da
alquimia, tão mal entendida pela nossa mente ocidental, que tentou traduzir
literalmente o que pode ser compreendido como uma metáfora do aperfeiçoamento
interior.
A metamorfose dos metais em ouro
explicita um processo de transformação contínua que nos conduz a um forte senso
de identidade pessoal psicológica chamada de “Self”, e podemos também chamá-la
de “Ouro” simbolicamente associada ao Sol, ao centro do ser e ao número 666.
O nome “pedra filosofal” por si só já
explica que não se trata de uma pedra “física”,material, e sim de uma metáfora.
A pedra que transforma em ouro tudo o
que toca pode ser também vista como aquele sentimento de autenticidade tão
intenso que afetas tudo ao redor. Quando nos encontramos profundamente
centrados em nossa autenticidade, é inevitável que contagiemos o mundo a nossa
volta. Passamos a não mais viver a realidade, mas a construí-la segundo nossa
vontade. Ter contato com este estado de autenticidade não é uma tarefa fácil. A
alquimia antiga nos fala de 4 (quatro) estágios transformadores que permitem a
transformação do chumbo em ouro, todos nós vivemos estes estágios de uma forma
ou de outra. A magia da alquimia não esta nos porões escuros, e pode ser
percebida de uma forma muito clara no cotidiano, na forma de experiências
bastante conhecidas, como o fato de apaixonar-se, o sofrimento pelas perdas, a
realização de uma idéia no plano material, a criação da arte. A própria vida é o laboratório onde se desenrola toda a
Opus (obra) alquímica.
Os
quatro estágios da Opus
1
- Calcinatio.
O primeiro
estágio da opus tem a natureza do elemento fogo, e se refere ao poder de
“arder”, queimar. Tecnicamente falando,o alquimista aquece a prima matéria
(material bruto, primário, símbolo da personalidade instintiva) até que toda a
parte liquida (a emoção) se evapore.
Esta imagem de “queima” pode ser traduzida
como frustração do desejo (boulomai), até que as emoções egóicas se esgotem por
si só e o animal seja queimado e domado, a fim de que a vontade verdadeira se manifeste. A simbologia da calcinação
evidencia-se na imagem da Lâmina XI do tarot.
Os símbolos animais ligados à calcinatio
são o leão e o lobo, simbolicamente associados a paixão, à voracidade e ao
orgulho. Num estado puro, tais animais não são maus (alias o mau não existe),
mas intelectualizados e não mentalmente avaliados (o que é normal na raça
humana) somente causam dor e destruição. O animal que destroça tudo o que há em
seu caminho é a própria imagem simbólica do ego.
É
importante que se compreenda que as emoções não são prejudiciais a alquimia,
mas precisam ser transformadas para que a “ânsia de resultados” seja desfeita. É sabido que o trabalho mágico exige o máximo de desprendimento de
resultados o possível. Quando
desejamos algo é porque temos medo que não seja nosso. Aquilo que se integra
perfeitamente à nossa realidade não gera razão para ânsia alguma.
Algumas ilustrações alquímicas mostram o momento de calcinatio como sendo um
leão com as patas cortadas. Podemos ver o leão na mitologia egípcia como sendo
Sekhmet, um dos vingativos olhos de Rá (a mulher na tipificação de seu período
pré-menstrual “TPM”), que personifica o calor destrutivo do deserto. É a
própria imagem do desejo do ego, que está sempre voraz, sempre ansioso, como
ficaria qualquer pessoa em um deserto ao meio-dia. As patas cortadas revelam a
frustração deliberada do desejo, pois o leão não pode atacar sem patas.Tal frustração
do desejo não esta fundamentada nos dogmas morais convencionais nem tampouco em
valores maniqueístas.
Aqui a frustração é o movimento doloroso
porem compassivo para o processo de transformação do chumbo em ouro. O que se reflete na
calcinatio não é repressão ou a condenação moral: é o sacrifício voluntário de
um desejo para que algo novo possa emergir.
Este é o Anátema da Chaos magick :o
sacrifício de algo pessoalmente valioso, uma modificação radical na
aparência,ou algo que desestruture a antiga forma à qual estávamos apegados. As
verdadeiras lágrimas de tristeza são também consideradas de imenso valor para o
trabalho mágico, e é recomendado que, num momento de verdadeira tristeza, sejam
armazenadas as lágrimas que serão tremendamente úteis para diversos tipos de se
rituais.
É sabido que a simples situação de viver
já é, por si só,uma opus alquímica. Na própria vida ordinária podemos ver o
movimento de calcinatio em uma experiência de amor frustrado. Não há nada mais
doloroso e nada mais frustrante e caustico do que o amor negado.Quando não
podemos ter alguém que amamos, geralmente sentimos raiva ( a voracidade do lobo
e do leão), e logo depois uma autopiedade e autocomiseração exacerbadas. A
imagem alquímica é a do material que entra em ebulição (raiva) e então se
evapora.O evaporar representa o momento em que as emoções se rendem e se
dissipam, o que é inevitável, uma vez que, por mais teimosia que tenha um
indivíduo, chega-se a um ponto em que a tristeza não pode mais ser retida, e
ela se esvai naturalmente.
A experiência de calcinatio pode ser fatal
para pessoas de psiquismo fraco. Mas se observarmos a grande potencialidade
criativa manifestada neste momento de extrema dor, se permitindo sentir a raiva
e a frustração sem projeta-la nos outros, suportando isto até que comece a
evaporar, a experiência pode se tornar um fantástico “Modelador” de um forte
senso de identidade pessoal. Pessoas que nunca passaram por esta experiência,
ou que viveram mas falharam no momento da queima,projetando o calor para fora e
atribuindo a culpa aos outros, são escravas do lobo e do leão, são por estes
animais possuídas, e manifestam uma destrutividade incompreensível.
Para Jung, Marte(Guevura) é o lobo,o
principio sulfuroso da prima matéria (no segredo no nono grau cita : “mas o
leão deve estar irritado...”), assim como o leão. Ambos os animais são
representações primitivas da mesma energia que se transforma, no final do
processo, no Rei renovado. A imagem do rei renovado é indestrutível,
inabalável, e paira acima de todas as coisas, e pode também ser representada
pela águia, que voa alto e consegue encarar o sol.um rei não pode ser
machucado.O desejo (lobo, leão ou boulomai), com o tempo se transforma em
vontade.
A existência de um momento de calcinatio
na vida de uma pessoa são mais passíveis de acontecer em pessoas que tenham
influencia de signos de fogo, ou através do trânsito de marte e plutão nos
mapas astrais. Muitas vezes o incêndio da calcinatio torna a pessoa fisicamente
doente, sobretudo tomada por febres, dores musculares, enxaquecas, e até mesmo
vitimas de acidentes psicossomáticos (tendência repetitiva de se acidentar, se
morder ou se cortar, como forma de se agredir).
A idéia é a do incêndio psíquico que se
segue a um estado de apaixonamento frustrante.
2
- Solutio.
O segundo dos
quatro estágios alquímico denominado solutio este intimamente ligado à morte e
a transformação, e associa-se simbolicamente ao elemento água.Na obra alquímica
a prima matéria é colocada em um alambique e então diluída em água.O material
então se rompe, se desintegra, perdendo sua forma particular e torna-se fluido.
Podemos então considerar a solutio como um processo de perda de sentido dos
limites do ego, uma experiência de rendição, associada astrologicamente ao
planeta Netuno(Hockma) e miticamente a Dionísio, quando embriagado.
Na vida a
solutio é muito simples de ser identificada nas experiências do envolvimento
romântico: nossos limites particulares se fundem nas águas do romance e
deixamos de ser dois para nos tornar um. Os temas de sonhos característicos da
solutio envolvem sempre água: uma enchente, estar morrendo afogado, uma grande
onda que avança, estar em um bote a deriva no meio do oceano, e outras imagens
similares e que explicam bem a perda de limites do ego individual.
Enquanto que
na calcinatio temos a experiência do amor frustrado, na solutio temos a
vivência do amor romântico a um tal ponto que se perde quase que totalmente o
sentido de si mesmo. Tornamos fundidos com o outro, nossa alma “sai de nós” e
se funde na do outro, criando uma unidade “ourobórica”. O ouroborus é a imagem
da serpente que devora a sí mesma, e traduz a imagem do paraíso. Viver em
ouroborus é viver no paraíso, experimentar situações doces, românticas, suaves,
aprazíveis.
Experiências
místicas espelham também o estado de solutio, associando este movimento
alquímico ao planeta Netuno(Hockma).
O problema é
que a Solutio é sempre bela de início, mas é também uma grande armadilha,
porque com o tempo percebe-se que se perdeu o controle da própria vida. Há
considerável medo ligado a este estágio da Opus. Para a pessoa de personalidade
fraca, que nunca se tornou realmente independente, a solutio é tida como
“maravilhosa”, porque a grande fantasia de tal individuo é ser moldado por uma
força exterior – no caso, o parceiro(a), ou o mestre, ou algum Deus. Trata-se
de uma manifestação inconsciente do desejo de morrer, de voltar ao útero, o
desejo de repousar no lago amniótico do ventre materno. Alguns estados
psicóticos revelam uma eterna solutio, tais como formas de autismo em que não
se percebe nenhum ego. Viciados em drogas e alcoólatras são também seres
imersos em uma perpétua solutio.
A experiência
romântica é, definitivamente a imagem da solutio traduzida na vida: achamos que
aquela é a pessoa de nossa vida, que a conhecemos de outras encarnações e etc.
Mas isso tem pouco haver com o relacionamento. Trata-se de uma experiência do
inconsciente, projetiva e, portanto fantasiosa, onde vestimos sobre o próximo a
roupa de nosso Deus. O problema é que esta experiência, como tudo, passa.
Uma das mais
poderosas imagens alquímicas da solutio é a do afogamento. O velho Rei, que
representa as formas envelhecidas e primitivas do ego, precisa se afogar para
então renascer.Há um gravura que mostra
o Velho Rei se afogando batendo os braços pedindo socorro.Mas o
alquimista, na margem, deixa que ele se afogue, o que de se forma demonstra que
o processo envolve uma ação consciente. A solutio não envolve pura e
simplesmente o “deixa afogar” – há também a participação de uma parte de nós
que observa e reflete. Tudo o que é velho rígido ou estranho deve ser afogado
no mar, para que seja renovado. Amar outra pessoa é, de certa forma, morrer
para um estado anterior de “ser”,para tornar-se outra coisa renovada.
As fobias em
geral têm muito a ver com a solutio, e se manifestam nas pessoas que resistem a
este tipo de experiência,pessoas de natureza mais intelectualizada e mesmo
rígida. Alguém com uma natureza assim vive a solutio como uma experiência
terrivelmente assustadora, e termina criando temores que aparentemente nada tem
a ver com o processo: Medo de ladrões, medo de aranhas, claustrofobia, etc. É o
velho Rei abanando os braços, desesperado.
Os signos de
água em geral apreciam muito a solutio, exceto escorpião, que em parte adora e
em parte rejeita o projeto. O propósito da solutio é liberar a nova
vida,libertar o ser das coisas velhas e rígidas. A prima matéria fica livre das
impurezas, de modo que termina sendo possível ver o ouro. Mas é vital ter em
mente de que esta “União“ intensa gerada pelo processo não é o objetivo da obra
alquímica. O objetivo é o lápis a “pedra filosofal”, a identidade definida, o
sentido de self. Não existe a união total com a outra pessoa, a não ser no
útero materno, o que também é uma situação temporária, definitivamente
corrigida pelo processo natural do parto, muito embora no momento da solutio a
maioria de nós tenha a impressão ilusória da eternidade de tal experiência, e a
ruptura deste estado é sempre dolorosa.
3
- Coagulatio.
Após todo o
processo de queima e de dissolução, os líquidos começam a ficar sólidos. Neste
estágio da opus alquímica, as substâncias se solidificam ,ou seja : o que era
potencialidade criativa passa a se transformar em algo prático, palpável.
Psicologicamente, o coagulatio representa o processo de encarnação.
Astrologicamente e cabalisticamente associamos esta etapa ao planeta
saturno(Daath “perceba-se que nesta sephira encontra-se o conhecimento segundo
a cabala, associada a imagem do caprino “bode”, e também ligado ao arcano XV e
ao signo de capricórnio) .
As imagens da coagulatio envolvem
dinheiro, alimento e prazeres sensuais, assim como as tradicionais associações
com o pecado, a carnalidade, a expulsão do paraíso. Materializar qualquer coisa
é sempre uma tarefa dúbia: é ao mesmo tempo satisfatório mais também
frustrante, uma vez que nada no material é como parecia no reino da imaginação.
A partir do momento em que se materializa alguma coisa, corta-se a
potencialidade desta coisa. O que está materializado não mais apresenta
ilimitadas potencialidades. Afinal, cristalizou. Uma das imagens simbólicas
mais associadas a este processo é o da crucificação.
O sentido da restrição é esperado no
processo de coagulatio, uma vez que a definição das formas faz exatamente isto:
restringe. Enquanto que na solutio temos um sentimento de dissolução dos
limites do ego, na coagulatio ocorre o processo de estruturação de uma
identidade.
A coagulatio pode tanto seguir-se a uma
solutio como a uma calcinatio. Representa então o processo de estruturação da
identidade que se segue às dores da água ou as dores do fogo. Como o próprio
nome diz, a idéia é coagular – o natural confronto com a realidade que se segue
a uma experiência romântica ou mística (solutio), a redefinição do ego-identidade
que se segue a uma frustração intensa (calcinatio). Mas a coagulatio também
pode vir antes de uma de uma solutio ou de uma calcinatio, uma vez que muitas
vezes é necessário antes desestruturar o que se encontra demasiadamente sólido.
Isso é evidente em fases da vida da maioria dos seres humanos. Aos 29 anos,
passamos por um “retorno de Saturno”, que coagula e define nossa identidade de
uma forma muito intensa, e por volta dos 40 anos temos experiências
transpessoais (Urano “Binah”, Netuno “Hockma”, Plutão “Keter”) que nos abrem a
visão para uma série de novas realidades antes desconhecidas.
A coagulatio representa um estágio do
processo terapêutico que tanto o paciente quanto o terapeuta esperam, depois de
sofrer de um mal por muito tempo, resolve fazer algo a respeito,ou seja ,o
momento de por o discernimento em ação.. Compramos ou vendemos uma casa, terminamos
um relacionamento destrutivo, abandonamos um emprego insatisfatório e etc. É o
momento que se assume responsabilidade por si mesmo e tomam-se decisões. Para
muitas pessoas este é um momento muitíssimo doloroso, porque representa a morte
do estado irresponsável do “puer aeternus” (eterna criança), que não assume
compromisso algum. Os motivos oníricos associados a este processo são também muito
elucidativos: sonhamos com construção, reformas de casas, com o ato de comer e
vomitar. Um sonho muito comum neste processo é quando a pessoa se vê nua no
meio das outras, o que de certa forma revela que ela não desenvolveu uma
relação muita definida com as coisas de saturno (estabilização, integração,
materialização).
Sonhos com fezes referem-se muito ao
processo de coagulatio e são muito importantes, Freud atribuiu grande
importância as fezes : porque elas representam a primeira coisa que a criança
faz sozinha, sem a ajuda da mãe.Por esta razão os textos alquímicos fazem uma
associação muito próxima entre ouro e as fezes: a individualidade cristaliza-se
no aqui e no agora da vida material.O ouro alquímico é encontrado na vida, e
não nos mundos transcendentais.
4
- Sublimatio.
Simbolicamente
associada aos planetas Júpiter(Hesed), Urano(Binah) e Mercúrio(Hod), a
sublimatio envolve a idéia de alçar vôo. É o processo transformador de um
conteúdo instintivo em
imagem. Sendo mais claro, envolve a transformação de uma
experiência em sentido espiritual, a extração do significado inerente a um fato
(este processo é primeiramente tentado nos votos do VIIº grau da O.T.O, este
votos fazem com que o iniciado veja tudo em sua vida como um ato mágico).
Muitas vezes a
dar da frustração(calcinatio) da lugar ao impulso criativo artístico, como o
que fez Dante Alighiere escrever a “Divina Comedia” após a morte de sua amada
Beatrice. A sublimatio pode ser então compreendida como um impulso espontâneo
de dar sentido espiritual a fatos concretos. A poesia, um processo artístico e
que tem haver com a sublimação, nasce das lagrimas e dos risos do poeta.
Internalizar um objeto exterior numa imagem interior é a própria tradição do
processo de sublimatio. Mas este não é um processo consciente, que ocorre
porque desejamos. É o resultado natural de toda e qualquer experiência - com o
tempo as coisas começam a fazer sentido, ou seja : sublimam.
No Rosarium
Philosophorum, temos a imagem do Rei e de uma Rainha (as polaridades) que se
dissolvem numa união sexual (solutio); logo após ambos são retratados mortos
numa laje, unidos em um novo corpo hermafrodita. A esta “fase de morte” que se
segue a solutio, damos o nome de nigredo, e podemos traduzi-los como aquele
modelo natural de tristeza e melancolia que se acomete sobre todos nós, cedo ou
tarde na vida, essencial para a reflexão. Repentinamente surge a imagem de uma
pequena figura alada que abandona o cadáver e alça para o Éter. Ela sobe e
desaparece. Nas outras figuras, vemos que o ente alado retorna e reanima o
cadáver. Esta exótica seqüência de figuras ilustra perfeitamente o processo de
sublimatio: após o êxtase de união segue-se a morte, o processo reflexivo e o
“sentido” que desabrocha de tudo isto. Tal “sentido” é sempre uma visão
transcendente personificada pela figura alada, que termina reanimando o ser.
Quando amamos
alguém, e vivenciamos intensamente tal amor, podemos nos considerar em um
processo de clara solutio, onde nosso ego-identidade se dissolve no outro.
Segue-se com o tempo um sentimento de frustração, que pode tanto decorrer do
fim do relacionamento como também da estagnação do mesmo; a depender da
intensidade de tal frustração, podemos considera-la como uma violenta
calcinatio ou uma depressiva nigredo. Com o tempo, entretanto, aquilo que a
outra pessoa representa é por nós internalizado, e descobrimos que o que nós
admiramos esta dentro de nós mesmos. A este “Insight”, damos o nome de
sublimatio, que pode também ser definido como a função da imaginação, que permite o fim de nossa dependência a
referencias externa (felicidade derivada do parceiro, derivada do trabalho,
derivada do dinheiro, etc.) e a formação de um sentido de individualidade, o
ouro filosofal.
Na sublimatio
temos a imagem da ave que alça vôo, representando o espaço que temos para
respirar, de tal modo que os sentimentos não são reprimidos, mas também não são
consumados. Tal processo, entretanto, sempre vem após uma nigredo, após um
sentimento de perda ou de morte. Não pode haver sublimatio enquanto houver uma
“fantasia de fusão”. Resumidamente, podemos dizer que a sublimatio representa o
momento em que somos capazes de traduzir experiências em atividades criativas
ou em significado psicológico/espiritual.
Os sonhos que
mais evidenciam este movimento da opus envolvem pássaros que voam, ou a própria
pessoa voando, discos voadores, aviões, foguetes e outras imagens
aladas,sobretudo se estão decolando.
É importante
observar que todos estes processos ocorrem naturalmente, e não dependem de
nosso desejo particular. Não é viável uma sublimatio criativa quando a pessoa
está em evidente movimento de solutio, ou vice-versa. A opus alquímica se dá
inevitavelmente, queiramos ou não, a partir do momento que começamos a
respirar. Nem todos viram ouro, mas a possibilidade se apresenta claramente
para todos os seres dotados de liberdade de arbítrio, que pode ser interpretada
simplesmente como ponto de vista. Podemos compreender tudo o que vivemos
repleto de sentido e de oportunidade para crescimento. Ou não. No final das
contas, depende de cada um garimpar o nosso próprio ouro nas minas escuras do
inconsciente.